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Por Instituto Escolhas

16 setembro 2019

4 min de leitura

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Escolhas realiza workshop sobre a incorporação de riscos não financeiros ao planejamento do Setor Elétrico

Organizado pelo Instituto Escolhas em parceria com a EPE (Empresa de Pesquisa Elétrica) e a Escopo Energia, debate trouxe diálogo entre os setores Elétrico e Financeiro

Como valorar os riscos não financeiros durante o planejamento da geração elétrica? Esta foi a questão levantada durante uma discussão feita, ao longo da última quinta-feira (12), em um evento realizado na sede da EPE, na cidade do Rio de Janeiro, pelo Instituto Escolhas, em parceria com a Empresa de Energia Elétrica (EPE) e a consultoria Escopo Energia. O workshop contou com a participação de representantes do setor financeiro (Santander, Itaú, Bradesco, BNDES, Febraban), do setor de energia, além da Frente por uma nova política energética, Unep (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) e Ana (Agência Nacional de Águas).

O objetivo do workshop foi ampliar o diálogo entre o setor de energia e o setor financeiro sobre a incorporação de riscos não financeiros no planejamento da geração elétrica. No Brasil, o setor elétrico enfrenta importantes desafios relativos a parametrização de riscos não financeiros, o que muitas vezes leva a custos muito superiores e prazos de conclusão dos empreendimentos maiores do que os estipulados.

A discussão teve início com a fala de Thiago Barral, presidente da EPE, sobre como o setor elétrico pode aprender com a experiência do setor financeiro a fazer o planejamento de riscos não financeiros “É preciso que se traga, durante o planejamento do setor elétrico, elementos novos que enriqueçam as escolhas que estão sendo feitas”.
Barral também explica o que são esses riscos “não é só uma questão socioeconômica, social ou ambiental, ultrapassa esse limite, a gente está falando de tecnologia, de privacidade, de digitalização, de mudança da sociedade, de comportamento do cidadão, de mudanças políticas, mas a dimensão socioambiental se destaca muito quando a gente fala de riscos não financeiros”. O presidente da EPE ressaltou o grau de evolução do setor de Petróleo e Gás nesse quesito.

Giovani Vitória Machado, Diretor de Estudos Econômico-Energéticos e Ambientais da EPE, representando o setor de Petróleo e Gás, apresentou algumas contribuições vivenciadas dentro de sua área. Ele ressalta que a busca pela redução da assimetria de informações acontece através da elaboração de estudos da EPE e do diálogo entre as comunidades locais e stakeholders.

Em seguida, Giovani coloca a questão das mudanças climáticas que, potencialmente, trazem riscos aos projetos. “Empresas começaram a diversificar seu portfólio de atuação para evitar o risco de ativos encalhados no futuro para justamente mitigar esse risco das mudanças climáticas e das políticas para reduzir suas emissões.”

Sérgio Leitão, Diretor Executivo do Escolhas, no início dos debates na parte da tarde, destacou a importância de se levantar os riscos não financeiros da geração elétrica durante seu planejamento.  “Esse diálogo tem o papel de verificar como aquilo que o que a gente chama de riscos não financeiros não apareça apenas quando a obra já está licenciada […] E a pergunta que a gente se faz é: se olharmos esses riscos com toda a antecedência possível, conseguimos evitar?”.

Giovanni Fernandes, Diretor Executivo do Santander, diz que o setor elétrico está vivendo o maior ciclo de mudanças de todos, já que há uma diversificação das fontes de financiamento. O executivo ainda menciona que frente às questões ambientais, o banco pode colaborar com relatórios trimestrais de acompanhamento de obras e uma gestão ativa para prever riscos de desastres naturais.

 

Na foto, Odette Campos e Marcus Cardoso (BNDES), Giovanni Fernandes (Santander), Thiago Barral, Giovani Machado e Elisangela Almeida (EPE). Crédito: Igor Siqueira

 

Representando o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Odette Campos e Marcus Cardoso disseram que o principal objetivo do banco estatal, historicamente, é apenas checar o resultado final do licenciamento, mas que isso tem mudado por cobranças da comunidade internacional e demanda de investidores externos. Em 2015, a instituição reformulou sua política socioambiental.

Ao final do workshop, Sérgio Leitão destacou alguns pontos debatidos durante as conversas. Frisou a importância da modelagem dos riscos socioambientais, climáticos e, principalmente, um pacto para a necessidade de evitar que os problemas apareçam apenas no licenciamento da geração elétrica. “Como a gente olhando a tipologia, a taxonomia do que acontece nas situações concretas tiramos insumo para essa parametrização? Essa parte da antecipação pressupõe pacto, ou protocolos, evitando que esta seja a única instância [a do licenciamento] para receber todas as possibilidades de discussão sobre o problema. Só esta fase não dá conta.”

Barral, em suas considerações finais, ressaltou a importância dos bancos para reduzir a assimetria de informações e construir uma melhor percepção de risco diante questões regulatórias e ambientais, evitando efeitos indesejados no futuro para o setor elétrico.

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