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Por Instituto Escolhas

26 novembro 2019

3 min de leitura

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Mesa Redonda discutiu estudo sobre Diplomacia Alimentar no Rio de Janeiro

Discussão é fruto de uma parceria entre o Instituto Escolhas e o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI), maior think tank de política externa do Brasil

Na última terça-feira (26/11), foi realizada na sede do CEBRI, no Rio de Janeiro, uma mesa redonda para debater os resultados parciais do estudo “Diplomacia Alimentar: o Brasil e a arena internacional que regula a produção e a comercialização de alimentos”, idealizado pelo Instituto Escolhas e desenvolvido pelo Centro de Estudos de Integração e Desenvolvimento (CINDES). 

O evento contou com a presença de membros da academia (UFRJ, UFRRJ, UFF), pesquisadores (IPEA, INMETRO, IDEC), analistas e consultores interessados no tema. A pesquisa foi apresentada pela equipe do CINDES, Pedro da Motta Veiga, Sandra Polónia Rios e Leane Naidin e debatida por Jaqueline Ferreira, coordenadora institucional do Escolhas e Daniela Lerda, senior fellow do CEBRI, com moderação da ex-ministra do Meio Ambiente e também sênior fellow do CEBRI, Izabella Teixeira.

No início das apresentações, Sergio Leitão, Diretor Executivo do Escolhas, ressaltou que “desde sua fundação o instituto vem fazendo justamente o que está sendo feito aqui agora: permitir que antes do lançamento de qualquer estudo, ele seja apresentado, com suas premissas, metodologias, os possíveis resultados e se submeta a um teste de crítica para que a gente possa roteirizar alternativas e mudanças que possam ser aplicadas”.

O estudo tem o objetivo de mapear a atuação brasileira junto aos organismos internacionais que regulam a produção e o comércio de alimentos, identificando as principais pautas, atores envolvidos, seus posicionamentos e as possibilidades de atuação da sociedade civil, considerando que o Brasil é o terceiro maior exportador agrícola do mundo, responsável por 5,7% de todas as exportações do mercado global.

Dentre as organizações internacionais analisadas, o Brasil historicamente teve atuação prioritária nas negociações comerciais com a Organização Mundial do Comércio (OMC), órgão multilateral responsável pela regulação do comércio mundial, onde a principal discussão brasileira era relacionada à questão de subsídios. No entanto, a emergência do setor agroexportador brasileiro como ator global no comércio e a explosão da demanda chinesa por commodities importantes produziram transformações nos posicionamentos brasileiros, que se condicionam pelos interesses exportadores. Dessa forma, todas as commodities brasileiras com forte presença nos mercados internacionais passaram a ser objeto de questionamento no que se refere a padrões trabalhistas, ambientais, à sanidade, segurança alimentar e rastreabilidade, e demandas ligadas à qualidade e origem do produto.

O estudo aponta uma crescente visibilização de vulnerabilidades do setor agropecuário brasileiro com relação a questões sanitárias e ambientais, que poderia comprometer o crescimento das exportações. No entanto, no curto prazo, ao menos parte relevante do setor agroexportador ainda não sente as implicações do novo ambiente regulatório internacional. Durante os debates, Izabella Teixeira destacou que este cenário dá sinais de mudanças, exemplificando com a iniciativa de boicote realizada pela maior rede de mercados da Suécia na compra de frutas do Brasil.

A ausência de participação da sociedade civil nos fóruns internacionais foi destacada nos debates por Daniela Lerda e Jaqueline Ferreira. Esta ausência reflete na sub representação de interesses relacionados à qualidade dos alimentos e proteção ambiental, se mostrando necessária a construção de estratégias de atuação para incidir nestes espaços.

Ao final, Izabella ressaltou preocupação com a atual inserção do Brasil no cenário externo: “O comércio tem suas regras. E é difícil mudar as regras. Existem interesses e eles são conflitantes, mas é preciso construir uma mentalidade de inserção global para que a agricultura tenha um espaço a ser observado dentro do comércio. Não é destruindo o Cerrado que você vai ser mais competitivo. No curto prazo até pode ser. No longo prazo, não”.

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