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Por Instituto Escolhas

30 junho 2020

4 min de leitura

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Mais de 1,3 milhão de pessoas trabalham em atividades relacionadas à alimentação, aponta resultados iniciais do estudo “Agricultura urbana na região metropolitana de São Paulo”

O novo trabalho em desenvolvimento pelo Escolhas em parceria com Urbem foi debatido no workshop online que analisa os desafios do sistema alimentar na metrópole

 

A produção, indústria, comércio e serviços relacionados a alimentos reúnem 1,3 milhão de pessoas, aproximadamente 13% da população ocupada na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) e, apesar de pouca visibilidade sobre a agricultura no território da mais populosa metrópole da América Latina, a atividade agropecuária é responsável por 5% da produção da horticultura e floricultura do país. Das 245 mil toneladas das verduras comercializadas na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), 35 mil têm origem na RMSP e das 3,1 milhões de toneladas de produtos comercializados anualmente no entreposto, 60% das hortícolas e pescados são consumidos na região metropolitana.  Estes são alguns dos dados iniciais do estudo “A agricultura urbana na transformação do sistema alimentar da Região Metropolitana de São Paulo”, que está sendo desenvolvido pelo Instituto Escolhas em parceria com o Instituto de Urbanismo e Estudos para a Metrópole (Urbem).

A produção na metrópole é principalmente dedicada à horticultura e desenvolvida em pequena propriedade, por perfis distintos de agricultores. A partir destas informações, o estudo faz uma análise dos desafios do sistema alimentar da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) pesquisando consumo, comercialização e distribuição, além de avaliar dados quantitativos e qualitativos e a tipologia da agricultura na região.

Com previsão para ser lançado em novembro, a primeira fase do estudo realizou o mapeamento do sistema alimentar da região analisando dados de consumo, produção e distribuição de alimentos na metrópole. Posteriormente, será avaliado o potencial da agricultura local e a viabilidade econômica de quatro diferentes tipos de iniciativas de produção de alimentos na metrópole de São Paulo, a partir de estudos de caso.

Com o objetivo de colher contribuições para essa discussão, o Escolhas reuniu durante um workshop online realizado na manhã desta terça-feira, dia 30 de junho, especialistas nos temas da agricultura e do urbanismo oriundos do setor público, universidades e organizações da sociedade civil.  Participaram do evento representantes do Secretaria de Agricultura do Estado de Governo de São Paulo, da Prefeitura de São Paulo e Projeto Ligue os Pontos, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Mackenzie, Fundação Getúlio Vargas, Insper, Instituto de Economia da Unicamp, Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal do Rural do Rio de Janeiro (UFRJ), Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Fazenda Cubo, , Imaflora, Porticus, IAB, AS-PTA, entre outros.

Jaqueline Ferreira, coordenadora do estudo, abriu o evento explicando os objetivos do trabalho, que é também trazer números para o debate por meio de uma consolidação de dados sobre o sistema alimentar que atualmente estão bem dispersos.  “Como a agricultura urbana pode contribuir para uma transformação do sistema alimentar em uma metrópole como São Paulo, para a segurança alimentar e tornar o sistema alimentar mais sustentável”, afirmou a gerente de Projetos do Instituto Escolhas. Ela ressaltou ainda que todos os estudos realizados pelo Escolhas são amplamente debatidos com tomadores de decisão, especialistas e organizações da sociedade civil para garantir maior qualidade à abordagem do tema e, ao mesmo tempo, estimular o diálogo entre diferentes setores da sociedade.  Na primeira parte do evento fechado para convidados, foram apresentadas as premissas, metodologia e resultados parciais do estudo pelos pesquisadores Fernando Mello Franco, Marcela Ferreira e Vitória Leão, do Urbem.

Em sua fala inicial, Fernando revelou que havia uma indagação que a capacidade de produção da agricultura urbana e periurbana do município de São Paulo é completamente incompatível com a demanda de consumo do próprio município e a conclusão de que o fortalecimento do sistema alimentar de São Paulo só poderia ser feito na escala metropolitana. E falou de um dos objetivos do estudo: “O mapeamento da agricultura urbana e periurbana na sustentabilidade do sistema alimentar na região metropolitana de São Paulo com foco no estabelecimento de políticas de recuperação e geração de empregos para viabilização e fortalecimento dos sistemas alimentares na metrópole”, concluiu.

O estudo revela alguns desafios do sistema alimentar. Na comercialização e consumo, a pesquisa mostra que um mercado grande e diverso, com ampla participação de circuitos longos, que tendem a diminuir receitas dos produtores, aumentar perdas e custos ao longo da cadeia. Sob o ponto de vista do dos usos do solo no território metropolitano, o trabalho aponta que existem diversas condicionantes relativas à preservação ambiental ou regulação de usos, o que gera competição e o convívio entre agricultura e diferentes usos.

A pesquisadora Marcela Ferreira destacou que os próximos passos da pesquisa serão os estudos de caso. “Serão coletados dados primários com objetivo de realizar uma análise da viabilidade econômica dos diferentes tipos de iniciativas na região metropolitana de São Paulo, a partir de uma modelagem econômico financeira, com a identificação dos principais gargalos e oportunidades”. Para ela é preciso entender se agricultura urbana e periurbana é um modelo viável economicamente e quais os gargalos para se viabilizar”.

Durante o evento foram feitas diversas contribuições e comentários, que serão analisadas pela equipe de pesquisa para possíveis incorporações nos resultados finais do estudo a ser apresentado ainda este ano.

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