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Por Instituto Escolhas

26 setembro 2016

5 min de leitura

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#Quantoé? plantar floresta é a primeira plataforma digital do Escolhas

Instituto quer disponibilizar estudos para a sociedade

O Instituto Escolhas foi fundado em 2015 para realizar estudos ancorados em números que permitam a exata compreensão dos impactos econômicos, sociais e ambientais das decisões sobre temas que melhor expressam a necessidade do processo de desenvolvimento do Brasil estar alicerçado em bases sustentáveis.

Foi pensando em ampliar ainda mais essa compreensão que desenvolvemos a Plataforma Digital #Quantoé?, idealizada para disponibilizar para toda a sociedade os estudos realizados pelo Instituto em áreas como energia e transportes, permitindo que cada pessoa, usando computador, celular ou tablete, possa acessar os dados pesquisados de forma aberta e facilitada, gratuitamente, no site do Escolhas (escolhas.org).

O primeiro tema abordado pela Plataforma (#Quantoé?plantar floresta) ajuda a calcular o valor necessário para recuperar a área que foi desmatada nas propriedades rurais e a receita que a exploração econômica do plantio da floresta pode gerar. Para usá-la, basta selecionar no mapa a macrorregião onde está a área a ser recuperada, inserir o tamanho (em hectares) e a Plataforma apresenta oito modelos de recuperação de floresta para que o proprietário possa escolher uma, o que poderá fazê-lo levando em consideração o grau de degradação da terra, bem como a finalidade do seu investimento (recuperar área de preservação permanente, de reserva legal).

A Plataforma permite ainda que o valor possa ser obtido combinando diferentes modelos de replantio de florestas, com o uso de percentuais variados para cada um deles, o que deixa o usuário com ampla liberdade para organizar o cardápio da recuperação de sua propriedade. Além disso, pode-se calcular o valor de maneira mais simples, quando só se quer saber o valor da recuperação, ou de forma mais complexa, o que se faz com o uso da Taxa de Desconto, que permite uma análise da viabilidade do investimento olhando o prazo da sua duração.

Meta brasileira

A Plataforma #Quantoé? plantar floresta foi inspirada no estudo que o Instituto realizou para a Coalização Brasil Clima, Florestas e Agricultura, que estimou o investimento que o Brasil teria que fazer para cumprir uma das metas apresentadas na Conferência do Clima de 2015 em Paris – a de recuperar 12 milhões de hectares até 2030. Com isso o Escolhas procura fazer com que os seus estudos tenham uma aplicação efetiva, ajudando, como é o caso, aos proprietários rurais que precisam adequar suas propriedades ao novo Código Florestal, recuperando passivos florestais, a saber o quanto precisam investir para que isso aconteça, além de demonstrar que plantar floresta não precisa mais ser encarada como um ônus, um custo, e sim um investimento.

Cálculos

Os cálculos da Plataforma #Quantoé? plantar floresta levam em consideração, além da compra de mudas e sementes, a mão de obra, materiais, máquinas e equipamentos e assistência técnica. A receita foi calculada a partir do preço da madeira em pé, descontando o seguro florestal e os impostos, o que foi obtido a partir das médias de preços por macrorregião e pesquisas na literatura especializada. A rigor, a previsão é de que os valores terão que ser investidos em até 7,5 anos depois de iniciado o plantio, e a obtenção de receitas se fará no prazo de até 50 anos.
Mas, é preciso que se diga, fazer esse tipo de cálculo no Brasil enfrenta muitas dificuldades, em razão de não sabermos como se dará a exata regulamentação da recuperação do nosso passivo florestal, o que hoje é da competência de cada estado da Federação. A depender da exigência que for feita em cada um deles, o valor do que precisará ser investido será alterado, para mais ou para menos.

Outra questão relevante diz respeito ao modo como se estabelece a média da produtividade das árvores a serem plantadas em cada modelo de recuperação, visto que é a quantidade do que será explorado que irá determinar o maior ou menor retorno do investimento que for feito. Como explica o engenheiro florestal Eduardo Gusson, um dos responsáveis pelo conteúdo da Plataforma, “a produtividade irá variar em função das condições do solo, clima, bem como das práticas silviculturais, sendo recomendável, como o fizemos nas análises para a Plataforma, certo grau de conservadorismo nas estimativas de produtividade para as espécies nativas que integram cada um dos modelos”.

O mesmo cuidado foi observado em relação à fixação dos preços da madeira a ser explorada, onde o maior deles foi estabelecido para as madeiras com ciclo de 35 anos. No futuro, caso as condições de governança ambiental do país melhorem, poderemos, como também nos diz Gusson, obter preços maiores para a venda dessa madeira, em razão da valorização da exploração oriunda de áreas de manejo sustentável, que hoje sofre a concorrência desleal da extração ilegal, com seus baixos custos de produção, que se resumem basicamente ao corte e transporte das árvores.

Por fim, é importante ressaltar que a Plataforma, ao sistematizar informações em uma base de dados de acesso facilitado, além de fornecer os valores do plantio de árvores para todo o Brasil, é um instrumento importante para o desenho das políticas públicas que precisam ser estabelecidas para dar conta de cumprirmos a meta de recuperar 12 milhões de hectares de florestas. Essa tarefa, imensa, vai exigir, por exemplo, financiamento para estimular o produtor rural a ver o plantio de árvores nativas como uma atividade econômica, rentável, o que é fundamental para a melhoria dos resultados quando se calcula a taxa de desconto de cada investimento.

O Instituto Escolhas entende que a Plataforma, ao disseminar de forma ampla e acessível informações sobre a recuperação das florestas, ajuda na superação de problemas que ficaram sem solução ao longo da nossa história, contribuindo para que o Brasil seja um país com uma economia realmente sustentável.

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