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Por Instituto Escolhas

02 dezembro 2019

4 min de leitura

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Bioeconomia e conhecimento da natureza para alavancar o desenvolvimento sustentável da Amazônia

Em debate promovido pelo Escolhas com os lançamentos do livro de Ricardo Abramovay e do estudo com propostas para impulsionar a economia do Amazonas, especialistas falam sobre como manter a floresta em pé

São Paulo, 02 de dezembro – Um dos caminhos para reduzir as enormes desigualdades sociais existentes na região amazônica e produzir o desenvolvimento regional e sustentável dos estados é manter a floresta em pé e fazer uso da biodiversidade associada à inovação. Esse foi o ponto de convergência entre os participantes do debate sobre bioeconomia organizado pelo Instituto Escolhas, na noite desta segunda-feira (02/12) em São Paulo. Durante o evento foi feito o lançamento do livro “Amazônia. Por uma economia do conhecimento da natureza”, de Ricardo Abramovay, publicado pelo editora Elefante, e divulgação do Sumário executivo do estudo “Uma nova Economia para o Amazonas: Zona Franca de Manaus e Bioeconomia” elaborado pelo Escolhas.

Na abertura do debate, o escritor e professor da Universidade de São Paulo, Ricardo Abramovay destacou que está acontecendo algo muito importante no Brasil em termos de valorização da biodiversidade e da bioeconomia. “É o começo de uma convergência entre um conjunto de forças que começam a dialogar”. Ele exemplificou citando as manifestações recentes de governadores da Amazônia se posicionando na mesma direção: de desenvolver uma economia da biodiversidade e economia da floresta em pé.

Para a secretária executiva de Ciência, Tecnologia e Inovação do Amazonas, Tatiana Schor, não há dúvida de que a narrativa para a região passa pela união entre economia e meio ambiente. “Se não acreditarmos que a bioeconomia é a forma de desenvolvimento da região e de todo o país, estaremos olhando para trás, estancados no tempo. Mas como fazer essa transição? No Estado do Amazonas acreditamos que a bioeconomia deve ser uma política industrial”, afirma Tatiana.

Ao falar do estudo lançado pelo Escolhas, o diretor do Instituto, Sergio Leitão, explicou que o desafio foi colocar números na bioeconomia para provar que é uma alternativa consistente para a geração de emprego e renda no Amazonas. Para ele, a bioeconomia se coloca como uma fronteira econômica a ser devidamente explorada e de forma sustentável. “É possível proteger floresta, gerar riqueza e tirar cerca de dois milhões de pessoas que estão abaixo da linha de pobreza.”, destacou Leitão ao comentar os números do censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2017, que mostram o aumento da extrema pobreza no estado amazonense.

A economia da floresta também foi ressaltada pelo economista e um dos autores da proposta do Escolhas, Carlos Manso. “O nosso estudo elege a bioeconomia como uma política importante porque ela tem a ver com crescimento econômico e inovação.  Quando o trabalho fala de bioeconomia, segundo Manso, ele está se referindo ao desenvolvimento de processos de conversão de um determinado extrato ou outra substância em um produto de alto valor agregado. “A bioeconomia permite a sustentabilidade, diretriz importantíssima para manter a floresta em pé, e o uso de insumos locais.”

Representando o agronegócio sustentável no debate, o empresário e presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Marcello Brito, afirma que existem duas formas de fazer com que a bioeconomia deslanche na Amazônia e no Brasil. “Primeiro lugar, precisamos convencer os setores econômicos consolidados a investir em bioeconomia, como ocorre na Europa. No caso da Amazônia, é preciso saber como vamos aprimorar a pecuária, como melhorar a indústria do cacau e do dendê. Quando reforçarmos as cadeias de valor já implementadas, conseguiremos trazer conhecimento e mão de obra especializada para que outras cadeias comecem a ser montadas nas adjacências.”

LIVRO

“Amazônia. Por uma economia do conhecimento da natureza” está organizado em cinco ideias centrais, segundo o autor, Ricardo Abramovay. As três primeiras são que o crescimento econômico da Amazônia não supõe desmatamento e que reduzir o desmatamento diminui muito pouco a geração de riqueza amazônica e que as áreas protegidas na Amazônia são um elemento fundamental para manter os serviços ecossistêmicos dos quais toda a sociedade depende. O quarto ponto apresentado na publicação discute como as áreas protegidas, terra indígenas entre elas, estão sendo duramente atacadas, sobretudo no último ano, em função de uma ação governamental que, segundo o pesquisador, “desencadeou um processo muito destrutivo na floresta”. Para finalizar, o autor desfaz o mito de que só o Brasil tem uma solução florestal rigorosa.

“Quando eu usei no livro a expressão economia do conhecimento da natureza, é para mostrar que precisamos exatamente disto. Se o país praticou até aqui a política da destruição da natureza, está mais do que na hora de nós revertermos essa situação”, destacou Abramovay.

Sobre o Instituto Escolhas

O Instituto Escolhas desenvolve estudos e análises sobre economia e meio ambiente para viabilizar o desenvolvimento sustentável. Mais informações em https://escolhas.org.

Informações para Imprensa:

Salete Cangussú – Assessoria de Comunicação – Instituto Escolhas

Celular/Whatsapp: (21) 98118-7559

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