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Por Instituto Escolhas

03 dezembro 2019

5 min de leitura

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Importância da bioeconomia para desenvolvimento da Amazônia é destaque em debate no Escolhas

Evento marca lançamento de obra sobre economia do conhecimento da natureza, de Ricardo Abramovay, e estudo do Escolhas que apresenta propostas para o impulsionar a economia do Amazonas

Manter a floresta em pé é a principal força motriz para fazer a região amazônica gerar receita e diminuir as enormes desigualdades sociais que existem nos estados, em especial no Amazonas, segundo participantes do debate sobre bioeconomia organizado pelo Instituto Escolhas, com apoio do Arapyaú e Instituto E, na noite desta segunda-feira (2) em São Paulo.

Mediado por Sergio Leitão, diretor executivo do Escolhas, o evento contou com a participação da secretária executiva de Ciência, Tecnologia e Inovação do Amazonas, Tatiana Schor; do economista e especialista em desenvolvimento regional, Carlos Manso; Marcello Brito, presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) e do professor da Universidade de São Paulo (USP), Ricardo Abramovay, que lançou a obra “Amazônia. Por uma economia do conhecimento da natureza”, da editora Elefante. O debate foi marcado também pela divulgação do sumário executivo do estudo “Uma nova Economia para o Amazonas: Zona Franca de Manaus e Bioeconomia”, idealizado pelo Escolhas.

O livro, segundo o autor, está organizado em cinco ideias centrais. A primeira delas é que o crescimento econômico da Amazônia não supõe desmatamento, muito pelo contrário. A segunda premissa defende a tese de que reduzir o desmatamento diminui muito pouco a geração de riqueza amazônica. Já a terceira mostra que as áreas protegidas na Amazônia, e quase metade da região é composta por elas, são um elemento fundamental para manter os serviços ecossistêmicos dos quais toda a sociedade depende. 

O quarto elemento fundamental da publicação de Abramovay discute como as áreas protegidas, terra indígenas entre elas, estão sendo duramente atacadas, sobretudo no último ano, em função de uma ação governamental que, segundo o pesquisador, “desencadeou um processo muito destrutivo na floresta”. O último ponto importante desfaz o mito de que só o Brasil tem uma solução florestal rigorosa.

“Quando eu usei no livro a expressão economia do conhecimento da natureza, inspirada na saudosa e querida professora Bertha Becker (1903-2013), é para mostrar que precisamos exatamente disto. Se o país praticou até aqui a política da destruição da natureza, está mais do que na hora de nós revertermos essa situação”, destacou Abramovay.

Em sintonia com o autor e professor da USP, a secretária do Estado do Amazonas afirmou, no debate, que não há dúvida de que a narrativa para a região passa pela união entre economia e meio ambiente. “Se não acreditarmos que a bioeconomia é a forma de desenvolvimento da região e de todo o país, estaremos olhando para trás, estancados no tempo. Mas como fazer essa transição? No Estado do Amazonas acreditamos que a bioeconomia deve ser uma política industrial”, afirma Tatiana.

Para Marcello Brito, empresário e um dos líderes do agronegócio brasileiro, existem duas formas de fazer com que a bioeconomia deslanche na Amazônia e no Brasil. “Primeiro lugar, precisamos convencer os setores econômicos consolidados a investir em bioeconomia, como ocorre na Europa. No caso da Amazônia, é preciso saber como vamos aprimorar a pecuária, como melhorar a indústria do cacau e do dendê. E assim por diante. Quando reforçarmos as cadeias de valor já implementadas, conseguiremos trazer conhecimento e mão de obra especializada para que outras cadeias comecem a ser montadas nas adjacências.”

A participação do economista Carlos Manso, um dos autores do estudo apresentado pelo Escolhas também colocou a economia da floresta e da biodiversidade em evidência. “O nosso estudo elege a bioeconomia como uma política importante porque ela tem a ver com crescimento econômico e inovação. Ela é ótima também do ponto de vista de humanidades, dentro da nossa narrativa que engloba melhorar a produção de alimentos no mundo, a partir da Amazônia”, afirma Manso. 

Segundo o especialista em desenvolvimento regional, a bioeconomia em questão também não é aquela feita a qualquer custo. “Ela tem que preservar os fatores de produção, aproveitando os resíduos, avaliando os impactos sobre a emissão dos gases de efeito estufa e as consequências das mudanças climáticas, em um cenário com menos chuvas e mais solos degradados”. Nas palavras do pesquisador, “é a narrativa do bem”. Por isso, diz ele, é uma bioeconomia que salta aos olhos como grande protagonista, pelo poder de transformar a vida da sociedade que ela tem.

Quando o estudo fala de bioeconomia, segundo Manso, ele está se referindo ao desenvolvimento de processos de conversão de um determinado extrato ou outra substância em um produto de alto valor agregado. “A bioeconomia permite a sustentabilidade, diretriz importantíssima para manter a floresta em pé, e o uso de insumos locais. Algo muito relevante também é que a nossa proposta prevê a inserção da produção nas cadeias globais. A bioeconomia é parte de uma economia globalizada porque os consumidores do mundo todo demandam esses tipos de produtos”, afirma o economista.

O modelo de desenvolvimento econômico proposto pelo Instituto Escolhas, informa Sergio Leitão, integra a atual vocação da Zona Franca de Manaus (AM) e seu parque industrial à inovação tecnológica e ao uso sustentável da biodiversidade amazônica. “O investimento de mais de R$ 7 bilhões para impulsionar a bioeconomia no Amazonas vai criar empregos na Zona Franca de Manaus desde que esteja comprometido com uma agenda de pesquisa em ciência e tecnologia, capacitação de mão de obra especializada, criação de ambiente de negócios que favoreça a inovação e tenha o Estado se unindo às empresas e à academia. Com isso, criam-se as condições necessárias para que a economia amazonense se integre ao século 21, a partir das cadeias globais de produção”, segundo Leitão.

Confira o Sumário Executivo do estudo “Uma nova economia para o Amazonas: Zona Franca de Manaus e Bioeconomia” no link

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