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Por Instituto Escolhas

15 dezembro 2020

5 min de leitura

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Energia: mais de 80% do potencial de geração de biogás é desperdiçado na Amazônia; 107 mil residências poderiam ser abastecidas em 4 estados

Novo estudo do Instituto Escolhas avaliou o potencial de produção de biogás a partir de resíduos nos estados de Amapá, Amazonas, Rondônia e Roraima

Dezembro é, tradicionalmente, um mês de aumento na conta de energia elétrica causada, em geral, pelo acionamento das térmicas para suprir o baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas. Buscando alternativas que completem a demanda de energia, evitem a temida bandeira vermelha e ainda incentivem atividades sustentáveis na Amazônia, o Instituto Escolhas, em parceria com o CIBiogás, divulga seu novo estudo “Biogás na Amazônia: energia para mover a bioeconomia”.

Lançado nesta terça-feira, 15 de dezembro, o estudo destaca o potencial de quatro estados amazônicos para a geração de biogás, um tipo de gás inflamável, produzido a partir de materiais orgânicos e que, além de gerar energia, contribui para a destinação correta de resíduos e pode servir de impulsionamento para a economia local. A análise traz dados completos em relação ao material divulgado no início de novembro, que mostra como o biogás poderia ter amenizado o apagão elétrico ocorrido durante grande parte do mês no Amapá (veja o documento aqui).

A escolha da Amazônia para o estudo, segundo o diretor executivo do Escolhas, Sergio Leitão, busca dar subsídios para o desenvolvimento da bioeconomia na região, incentivando atividades econômicas com conservação do meio ambiente: “é muito interessante ver que a partir de elementos da natureza podemos mover, promover e fazer acontecer a bioeconomia para a região amazônica, fundamental para gerar renda e manter a floresta em pé”, diz Leitão acrescentando que em abril o Escolhas fará o lançamento de novo estudo, desta vez com o potencial de geração de biogás para todos os estados da Amazônia Legal.

Leonardo Souza Marques, diretor de desenvolvimento tecnológico do CIBiogás também apontou a relevância da parceria, destacando que o modelo aborda as características de cada região: “É muito importante entender o território e a partir desse entendimento definir estratégias para ampliar a sustentabilidade das ações, ampliando a competitividade e que aproveitam a disponibilidade de resíduos e substratos”, disse Leonardo.

 

Conheça os resultados

A análise do Escolhas buscou analisar o potencial de geração de biogás a partir de resíduos sólidos urbanos (RSU) e restos da piscicultura em quatro estados da Amazônia: Amazonas, Amapá, Rondônia e Roraima e chegou a um potencial de 136 milhões de m3 de biogás por ano, o suficiente para gerar 283 GWh de eletricidade por ano, atendendo 107 mil residências e beneficiando 429 mil pessoas.

Entretanto, do potencial identificado nos resíduos sólidos urbanos nos 4 estados, menos de 20% é aproveitado, já que a maioria dos municípios ainda não tem uma política adequada de destinação de resíduos sólidos e a presença de lixões ou aterros sem recuperação de gases faz parte da maior realidade no país, conforme explicou Daiana Martinez, pesquisadora do estudo e Coordenadora de Transferência de Conhecimento do CIBiogás.

“Isso mostra que há uma oportunidade imperdível para que sejam direcionados investimentos a essas unidades, que passariam a tratar os resíduos e a gerar energia”, diz Daiana.

A gerente de projetos e produtos do Escolhas Larissa Rodrigues, que coordena o estudo, destacou ainda a importância que o biogás pode ter para os municípios, especialmente os pequenos, servindo de atrativo para que eles se adequem ao marco legal de resíduos sólidos.

“Com o biogás, o custo de conversão de lixões em aterros pode se tornar investimento, economizando na eletricidade de prédios públicos ou ainda permitindo a participação em leilões”, diz Larissa.

 

Veja os destaques por estado:

– Amapá: potencial para gerar o equivalente a 31 GWh/ano de eletricidade, o que significaria 12 mil residências atendidas e 50 mil pessoas beneficiadas

– Amazonas: potencial para gerar o equivalente a 160 GWh/ano de eletricidade, o que significaria 60 mil residências atendidas e 242 mil pessoas beneficiadas

– Rondônia: potencial para gerar o equivalente a 69 GWh/ano de eletricidade, o que significaria 26 mil residências atendidas e 104 mil pessoas beneficiadas

– Roraima: potencial para gerar o equivalente a 24 GWh/ano de eletricidade, o que significaria 9 mil residências atendidas e 36 mil pessoas beneficiadas

 

Webinar de lançamento

A apresentação do estudo foi realizada em um seminário virtual com a presença de grandes especialistas da área, como: Andrea Faria, coordenadora Nacional em Energias Renováveis do Sebrae, Bruno Neves, representante da UNIDO/ONU, especialista no projeto GEF Biogás Brasil, e Luciano Oliveira, consultor técnico da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). A apresentação foi de Daiana Martinez, pesquisadora do estudo e Coordenadora de Transferência de Conhecimento do CIBiogás e a moderação, da gerente de projetos e produtos do Escolhas Larissa Rodrigues. O debate trouxe pontos importantes sobre o potencial do biogás e as vantagens de uma diversificação da matriz energética e reforçou a necessidade de cada vez mais estudos e informações sobre o tema.

A gravação do seminário está disponível no canal Escolhas no Youtube, em youtube.com/InstitutoEscolhas_oficial.

Primeiro a falar, Luciano Oliveira reforçou o interesse da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) a respeito do biogás e a importância de cada vez mais análises para que essa geração se torne realidade: “a região amazônica é uma riqueza gigantesca de biomassa. O que precisamos é confrontar [esse potencial] com os custos da eletricidade e das oportunidades técnicas e regulatórias para identificar quem pode fazer o aproveitamento”.

Opinião semelhante tem o consultor da Unido/ONU e especialista em gestão de projetos pelo GEF Biogás Brasil, Bruno Neves. Segundo ele, “o biogás tem uma gama de possibilidades tão grande que a questão é como combinar essas possibilidades com as demandas dos territórios onde elas serão desenvolvidas”.

Por fim, fechando o encontro, a coordenadora em energia renovável do Sebrae nacional, Andrea Faria, trouxe a questão social do acesso à energia. Segundo ela, “energia não é uma escolha, é uma necessidade. O que aconteceu no Amapá é um exemplo de uma dor muito grande e que pode ser amenizada por meio do biogás”. Para Andrea, mais do que escassez de investimentos, o que falta são bons projetos, bem escritos e com informações relevantes.

 

Próximos passos:

O Escolhas tem trabalhado desde 2019 para apresentar diagnósticos e propostas para os negócios da floresta, buscando sempre trazer dados inéditos para as discussões. Em 2021, o Instituto apresentará novo estudo sobre o biogás em toda a Amazônia, incluindo o potencial a partir da produção de mandioca. Para saber de todas as novidades e participar dos próximos eventos, siga o Instituto Escolhas nas redes sociais.

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