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Por Instituto Escolhas

24 agosto 2016

3 min de leitura

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Notícias mostram consequências da seca sem explicitar sua relação com desmatamento

Uma notinha, publicada em pé de página do Valor Econômico desta semana, avisa que a falta de chuvas pode comprometer o nível de água dos reservatórios que abastecem a unidade de bovinos da JBS, em Colíder (MT). O veículo também destaca que o governo estuda um fundo privado para sustentar o seguro agrícola. Para Sergio Leitão, diretor de Relacionamento com a Sociedade do Instituto Escolhas, quando se aborda um assunto como este – ameaça à produção de uma empresa que possui mais de 500 funcionários e é capaz de abater, diariamente, 600 cabeças de gado – ou outros correlatos, como o fato de, em Brasília, se estudarem novos meios de securitizar a produção agrícola contra os humores do clima, é preciso lembrar um elo que é sempre deixado de lado: “Se a floresta Amazônica continuar sendo desmatada, o problema da falta de chuvas só irá se agravar”, afirma Leitão.

Leitão lembra que, segundo o relatório O futuro climático da Amazônia, divulgado em 2014 pelo pesquisador Antonio Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o alerta é de que a floresta amazônica também é um motor capaz de alterar o sentido dos ventos e uma bomba que suga a água do ar sobre o oceano Atlântico e do solo, fazendo circular pela América do Sul. Esse processo provoca a chuva que cai sobre a soja plantada na região Centro-Oeste, bem como na região dos mananciais em São Paulo.

Ainda de acordo com o relatório de Nobre, o bom funcionamento dessa bomba depende da proteção da floresta amazônica, que já perdeu, até 2013, 763 mil km² de sua área original, o equivalente a três estados de São Paulo. A floresta Amazônica transpira, diariamente, 20 bilhões de toneladas de água, mais do que o rio Amazonas despeja no Atlântico por dia. “É um verdadeiro rio que as nuvens se encarregam de transportar para o Centro-Oeste e Sudeste, os chamados rios voadores”, explica Leitão.

O diretor do Escolhas afirma que é justamente sobre cidades de Mato Grosso, como Colíder e Lucas do Rio Verde – conhecidas por suas produções agropecuárias – que podem recair os maiores efeitos da destruição contínua da floresta Amazônica, como a diminuição do nível das chuvas. “É em Colíder que agora a seca se manifesta com grande rigor, afetando a produção de carne, uma das maiores pautas de exportação do nosso agronegócio”, conta.

Para Leitão, é importante lembrar que a região da Matopiba, novo eldorado do agronegócio brasileiro, enfrenta três anos seguidos de graves problemas com o volume de chuvas e sérios prejuízos econômicos. Ele afirma que uma maneira de também contratar um bom seguro para garantir a proteção da renda do nosso agricultor está na proteção da floresta. “Aqui ainda vale o velho adágio: prevenir é melhor do que remediar”.

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